E no instante perfeito em que te vejo do outro lado das alturas a piscar-me o olho e a chamar-me gorda má com aquele meio sorriso irónico que tão bem conheço - nunca fui gorda nem soube ser má - e um braço estendido enquanto o outro se agarra à corda, fecho os olhos e salto pelo ar, atravesso o tecto da tenda, lá em baixo as avós rezam e as crianças abrem a boca de espanto, e nunca sei se me agarras no último instante possível e me convences que afinal a vida não são só portas condenadas que o tempo também serve para abrir, ou se me deixas cair devagar como fazemos com aqueles que amamos com medo de não ter nada para lhes dar...
Sem comentários:
Enviar um comentário