terça-feira, abril 26, 2005

Artista de circo

A vida são portas condenadas.
Portas que passamos, pensando que, ao as abrirmos, vamos descobrindo o mundo e arrumando o caos interno, mas afinal percebemos que à medida que os anos passam, elas se vão fechando uma a uma, nas nossas costas ou na nossa cara, batendo com uma veemência esmagadora que nos deixa de braços estendidos ao longo do corpo e a perguntar em surdina porquê.
A vida são portas condenadas, primeiro fecha-se a porta da infância, dos bolinhos de lama para o lanche das bonecas, tiram-nos as rodinhas das bicicletas e dizem-nos
és capaz, tu já és capaz
a partir daí a vida estreita-se num arame cada vez mais fino e ténue e é então que vamos percebendo que viver não é mais do que um precário equilíbrio, uma travessia solitária pelo arame traiçoeiro que nos há-de levar a um lado qualquer que é sempre do outro lado, onde está tudo aquilo que nos convencem que queremos ou que simplesmente escolhemos como objectivo para alcançar uma coisa qualquer a que gostamos de chamar tranquilidade...
A vida tb há-de ter mts janelas abertas mas mm assim adoro este excerto da Margarida Rebelo Pinto.

1 comentário:

Anónimo disse...

daí há a célebre frase de que "viver é aprender a morrer"... esperemos que velhinhos e ao pé de quem gostamos.

[]**